
Escolha da A KNIGHTHOOD GLOBAL exige atenção redobrada após escândalos ligados a Abu Dhabi
A recente contratação da empresa A KNIGHTHOOD GLOBAL, consultora de aviação sediada em Abu Dhabi, pela Linhas Aéreas de Moçambique (LAM), para auxiliar na sua reestruturação financeira, desperta preocupações legítimas e exige uma vigilância firme.
Embora o currículo técnico da consultora seja relevante, a sua origem geográfica — Abu Dhabi — não pode ser desconsiderada. É impossível esquecer o papel de entidades sediadas naquele emirado nos contornos do escândalo das dívidas ocultas, que ainda hoje assombra o país.
Transparência absoluta é essencial
Abu Dhabi acolhe, sem dúvida, empresas altamente respeitáveis. Mas no contexto moçambicano, a prudência exige que qualquer ligação comercial com aquela jurisdição seja tratada com o máximo escrutínio. A reestruturação de uma empresa estatal, especialmente uma tão simbólica como a LAM, deve ser conduzida com clareza total e sem margem para dúvidas.
O envolvimento da CFM, HCB e Emose como novos stakeholders da LAM coloca sobre seus ombros a responsabilidade de assegurar não só resultados financeiros, mas integridade em cada etapa do processo. A sociedade civil exige que os termos do contrato com a A KNIGHTHOOD GLOBAL sejam integralmente públicos, incluindo cláusulas de remuneração, objectivos, metas e indicadores de desempenho.
O papel fiscalizador da sociedade
O histórico de Moçambique com consultorias internacionais e contratos opacos é doloroso e não pode ser repetido. A comunicação social, o parlamento, as organizações cívicas e o cidadão comum devem manter uma vigilância constante e activa. Qualquer sinal de opacidade, favorecimento ou conflito de interesses deve ser prontamente denunciado e esclarecido pelas autoridades.
Esta reestruturação representa mais do que uma intervenção económica — é uma prova de fogo para o compromisso do Estado com a boa governação. A LAM precisa de soluções, sim, mas acima de tudo precisa de recuperar a confiança dos moçambicanos, duramente abalada por decisões políticas e financeiras obscuras no passado.
Resta agora acompanhar de perto cada passo deste processo e garantir que as feridas abertas pelas dívidas ocultas não sejam reabertas. Que o passado sirva como guia para um futuro mais transparente, responsável e verdadeiramente nacional.