
LUANDA — O antigo presidente do Gabão, Ali Bongo Ondimba, encontra-se em Luanda há cerca de uma semana, após ter sido acolhido pelo Presidente angolano, João Lourenço. A informação foi avançada pelo Novo Jornal, que adianta que a estadia do ex-chefe de Estado é temporária e antecede uma viagem para o Reino Unido, onde deverá fixar-se.
De dinastia presidencial a exílio
Ali Bongo foi afastado do poder em 2023, na sequência de um golpe de Estado liderado pelo brigadeiro-general Brice Oligui Nguema, seu primo, encerrando assim mais de cinco décadas de domínio da família Bongo no Gabão. O seu pai, Omar Bongo, liderou o país de 1967 até à sua morte, em 2009. A sucessão presidencial entre pai e filho sempre foi alvo de críticas internas e internacionais, que denunciavam a perpetuação dinástica no poder.
Após o golpe, Ali Bongo passou um período de confinamento domiciliário, com as forças militares a justificarem a intervenção como uma forma de restaurar a ordem e a democracia no país. Desde então, o ex-presidente tem estado sob observação internacional quanto à sua segurança e condição de saúde.
Angola como ponte para o exílio
Angola surge agora como um território de transição, sob acolhimento diplomático, enquanto se finalizam os detalhes da ida de Ali Bongo para o Reino Unido. Fontes próximas da diplomacia angolana referem que o país tem mantido uma postura de neutralidade e hospitalidade neste processo, mas sem intenção de tornar Luanda residência definitiva para o ex-dirigente gabonês.
A deslocação de ex-chefes de Estado para países terceiros, sob garantias de segurança e dignidade, tem sido uma prática comum em casos de transição forçada de poder em África, como forma de evitar retaliações internas e preservar a estabilidade regional.
Até ao momento, nem o governo angolano nem as autoridades britânicas se pronunciaram oficialmente sobre a chegada de Ali Bongo ao Reino Unido, mas fontes diplomáticas indicam que o processo está em fase avançada de coordenação.