
Maputo, Moçambique – O Governo moçambicano prefere aguardar os resultados da investigação conduzida pelos órgãos de inteligência antes de se pronunciar oficialmente sobre o ataque armado ocorrido em alto-mar, entre os dias 7 e 8 de Maio, contra o navio oceanográfico russo Atlantida K-1704, na costa da província de Cabo Delgado.
Ataque Confirmado Próximo às Ilhas Mtembuzi e Vamizi
De acordo com o administrador de Mocímboa da Praia, Sérgio Cipriano, o incidente ocorreu nas imediações das ilhas Mtembuzi e Vamizi, quando duas embarcações armadas investiram contra o navio russo, que realizava pesquisas científicas na costa africana.
“O comandante do navio levou a embarcação para o alto-mar, e como os atacantes não tinham autonomia para navegar em águas profundas, desistiram da perseguição e recuaram para o rio Messalo, onde mantêm um esconderijo de embarcações roubadas a pescadores e agentes económicos locais”, revelou Cipriano, citado pelo jornal O País.
Inteligência Nacional Conduz Investigações
Questionado pela imprensa, o porta-voz do Governo, Filimão Suaze, limitou-se a afirmar: “Vamos deixar a inteligência tomar conta deste tema. Quando tivermos dados mais apurados para partilhar, o faremos”. Ao insistirem os jornalistas, reiterou: “Não tenho nenhuma informação em relação a isso”.
Suaze garantiu, no entanto, que “havendo dados muito mais concretos, as informações serão partilhadas com o país”, sem avançar datas para essa divulgação.
Embaixada da Rússia Confirma o Incidente
Ao canal televisivo STV, a embaixada da Rússia em Moçambique confirmou o ataque ao navio Atlantida K-1704, mas evitou apontar autores ou motivações, referindo apenas que o caso já foi comunicado formalmente ao Governo moçambicano e está sob investigação.
O navio Atlantida K-1704 pertence a um consórcio russo de pesquisa científica e vinha realizando uma missão oceanográfica em diversos pontos da costa africana, incluindo Moçambique, no âmbito de estudos de recursos marinhos e ambientais.
Cresce Preocupação com a Segurança Marítima em Cabo Delgado
O incidente levanta novas preocupações quanto à segurança marítima na zona norte do país, já afectada por acções terroristas e tráfico de embarcações. O uso de lanchas rápidas por grupos armados é uma táctica crescente em áreas costeiras de Cabo Delgado, especialmente nos distritos de Mocímboa da Praia e Palma.
Especialistas sublinham a necessidade urgente de reforçar o patrulhamento costeiro e de inteligência naval, uma vez que a costa moçambicana constitui corredor estratégico para comércio, pesquisa e operações de pesca.
As autoridades prometeram continuar a acompanhar o caso com discrição, até que haja clareza sobre os autores e motivações do ataque.