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Ex-guerrilheiros contestam ação policial e acusam a liderança da RENAMO de traição
Nos últimos dias, a tensão interna dentro da RENAMO ganhou novos contornos após a sede nacional do partido ter sido ocupada por antigos guerrilheiros, que exigem a saída imediata do presidente Ossufo Momade. O ambiente ficou ainda mais tenso quando agentes da Unidade de Intervenção Rápida (UIR) intervieram no local, supostamente com autorização da atual liderança da formação política.
O grupo de cerca de 59 antigos combatentes afirma ter sido surpreendido com uma abordagem inusitada por parte da UIR. Segundo os relatos partilhados à imprensa, antes de iniciar qualquer operação, os agentes disseram que o líder Ossufo Momade os aguardava no Comando Geral da Polícia para um encontro. Um autocarro estava posicionado próximo à sede para transportar o grupo até ao local, mas os guerrilheiros recusaram a proposta, exigindo que o diálogo ocorresse na sede do partido.
Conforme os relatos, após terem rejeitado a deslocação, os agentes da UIR teriam retornado com a informação de que Momade não aceitava ir à sede, alegando preocupações com a sua segurança. Pouco depois, sem qualquer nova explicação, iniciou-se uma forte ofensiva da polícia, que incluiu o uso de munições reais e gás lacrimogéneo, resultando em pelo menos cinco feridos — um deles com gravidade, atualmente internado no Hospital Central de Maputo.
Após a operação, os antigos guerrilheiros foram forçados a embarcar no autocarro e levados à 18ª Esquadra, onde ficaram detidos por dois dias, devido à alegada falta de espaço nas celas. Posteriormente, foram informados verbalmente para comparecer ao Tribunal Judicial da Cidade de Maputo, mas, ao chegarem, nenhuma entidade judicial parecia estar ciente do processo. Os combatentes acabaram por abandonar o tribunal sem qualquer audiência formal.
Este episódio agravou ainda mais o cisma existente dentro da RENAMO, que agora parece dividida entre a liderança política e os antigos combatentes que se sentem traídos. Pela primeira vez desde os Acordos Gerais de Paz, a PRM foi vista a proteger uma sede da RENAMO em clima de hostilidade — um marco triste para um partido outrora símbolo de resistência.