
Sofala, Moçambique – O Presidente do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), Lutero Simango, veio a público denunciar com veemência a conduta da Polícia da República de Moçambique (PRM), acusando-a de recorrer à violência contra membros do seu partido durante uma marcha política ocorrida no último domingo, na província de Sofala.
Acusações de Agressão e Intimidação
Segundo o dirigente do MDM, vários membros do partido foram física e verbalmente agredidos pela polícia quando tentavam realizar uma marcha pacífica. Simango classificou a ação como “um atentado à democracia” e “um retrocesso no respeito pelas liberdades fundamentais”, apelando para que os responsáveis sejam responsabilizados pelas suas condutas.
PRM Justifica Intervenção com Falta de Autorização
Em resposta, o porta-voz da PRM, Dércio Chacate, afirmou que a marcha não havia sido autorizada pelas autoridades competentes e que houve “desobediência qualificada”. De acordo com Chacate, após esgotadas todas as tentativas de diálogo, a Unidade de Intervenção Rápida (UIR) foi forçada a intervir, usando gás lacrimogéneo para dispersar os manifestantes. A PRM nega qualquer uso excessivo da força.
Impacto nas Liberdades e no Estado de Direito
As acusações do MDM geraram um debate intenso na esfera política e entre organizações da sociedade civil. Especialistas em direitos humanos alertam que o uso de força contra manifestações políticas pacíficas representa uma ameaça grave ao Estado de Direito e à confiança dos cidadãos nas instituições democráticas.
“Quando um partido político é impedido de se expressar livremente, está em jogo a própria essência da democracia”, afirmou um jurista independente da Beira. Para muitos analistas, a repressão a manifestações não autorizadas pode revelar falhas estruturais no modelo atual de gestão política e de segurança.
Reações Populares e Clamor por Investigação
Nas redes sociais e entre moradores da cidade da Beira e arredores, cresceram os apelos por uma investigação imparcial sobre o ocorrido. Muitos cidadãos partilharam vídeos e testemunhos descrevendo o clima de tensão, e criticaram a postura policial como sendo “excessiva e desnecessária”.
O MDM, por sua vez, garantiu que continuará a lutar por justiça e anunciou que vai submeter uma queixa formal às instâncias judiciais nacionais e internacionais. “Não nos calaremos enquanto os direitos dos moçambicanos forem violados”, declarou Simango.
Apelo ao Diálogo e à Paz Política
Apesar da tensão, o líder do MDM reiterou o compromisso do partido com o diálogo político e a construção de um país mais inclusivo e democrático. “O que aconteceu em Sofala deve servir de alerta para a necessidade urgente de reformarmos o nosso sistema de segurança e garantirmos que todas as forças políticas possam atuar em liberdade e segurança”, concluiu.
Este incidente reacende o debate nacional sobre os limites da autoridade policial, o direito à manifestação e os caminhos possíveis para uma convivência política mais pacífica e democrática em Moçambique.