
Os médicos do Hospital Central de Maputo (HCM), a maior unidade hospitalar do país, anunciaram a suspensão do trabalho extraordinário a partir do dia 1 de junho, caso não seja regularizado o pagamento das horas extra acumuladas há mais de um ano.
13 Meses Sem Pagamento de Horas Extra
Segundo uma carta dirigida ao diretor-geral da unidade, os médicos denunciam uma dívida de 13 meses referente ao trabalho extraordinário, cobrindo períodos de 2024 e cinco meses de 2025. A paralisação abrangerá os serviços após as 15h30, bem como os turnos de fins de semana e feriados, até que a situação seja resolvida.
Incumprimento de Acordos Anteriores
A classe médica afirma que esta não é a primeira vez que confronta a gestão do hospital por este motivo. Em 2023, uma greve semelhante ocorreu entre maio e julho, tendo culminado em acordos que, segundo os profissionais, não foram cumpridos pela direção do HCM.
Desgaste Físico e Emocional dos Profissionais
Na carta, os médicos relatam um “acentuado desgaste físico, emocional e financeiro”, agravado pelos custos de deslocação associados ao trabalho extraordinário não remunerado. Denunciam ainda a quebra de confiança perante a gestão hospitalar, apesar das múltiplas reuniões realizadas.
Apelo ao Diálogo do Governo
O ministro da Saúde, Ussene Isse, apelou ao diálogo como solução para evitar a greve. “Estamos a buscar consensos dentro do setor para resolver o problema da classe”, declarou em 12 de maio, reconhecendo os desafios persistentes no sistema de saúde.
Contexto do Setor da Saúde em Moçambique
O setor da saúde pública moçambicano vive um clima de instabilidade há cerca de três anos, com greves recorrentes organizadas por entidades como a APSUSM e a Associação Médica de Moçambique (AMM). Estas organizações, que representam milhares de profissionais, exigem melhorias nas condições de trabalho e respeito pelos direitos laborais.
Moçambique conta atualmente com 1.778 unidades de saúde, incluindo quatro hospitais centrais, como o HCM, além de hospitais gerais, provinciais, distritais e postos de saúde, de acordo com dados oficiais do Ministério da Saúde.