
Maputo, Moçambique – Uma das maiores minas de carvão do continente africano, situada em Moatize, província de Tete, continua a gerar receitas astronômicas estimadas em 2 biliões de dólares por ano. No entanto, o que sobra para Moçambique é uma fatia consideravelmente reduzida: apenas 5% de participação e cerca de 3,4% dos lucros.
Domínio Estrangeiro: 95% nas Mãos da Vulcan
O controlo da mina está concentrado na empresa indiana Vulcan, que detém 95% da operação após a aquisição dos ativos da mineradora brasileira Vale em 2022. Segundo dados recentes, Moçambique arrecadou cerca de 69 milhões de dólares em lucros, valor que contrasta fortemente com a dimensão e importância estratégica do recurso explorado.
Carvão em Toneladas, Lucros pelo Caminho
Enquanto milhares de toneladas de carvão saem anualmente pelos corredores logísticos rumo aos mercados asiáticos e europeus, os ganhos para o Estado e as comunidades locais permanecem mínimos. Analistas e membros da sociedade civil alertam para a necessidade urgente de renegociar os termos de exploração e rever os mecanismos de partilha de receitas.
Impacto Social e Questões de Justiça Económica
“Não se trata apenas de números. É uma questão de justiça económica. Os recursos naturais devem servir os interesses do povo moçambicano”, afirma um economista ouvido pelo Radar Info Mz sob anonimato.
A população local enfrenta desafios como deslocações forçadas, degradação ambiental e falta de benefícios directos oriundos da exploração mineira. Enquanto isso, os lucros bilionários seguem para o estrangeiro, deixando Moçambique “no comando dos 5%”.
Chamado à Transparência e Renegociação
Diversos sectores da sociedade têm apelado ao Governo para que reveja os contratos de concessão mineira, introduza cláusulas de soberania económica e exija maior responsabilidade social das multinacionais que operam em solo moçambicano.
Com o país enfrentando desafios socioeconómicos graves, cresce a pressão para que os recursos naturais passem a beneficiar directamente a população e reforcem a sustentabilidade do desenvolvimento nacional.