
Governo avalia medida para travar o consumo excessivo de bebidas alcoólicas entre os jovens moçambicanos
O consumo excessivo de bebidas alcoólicas espirituosas, popularmente conhecidas como “Xivotxongos”, poderá tornar-se significativamente mais caro em Moçambique. Em resposta à crescente preocupação com o impacto do álcool na juventude, o Governo está a considerar aumentar o preço destas bebidas para até 500 Meticais por garrafa.
A proposta, apresentada pelo delegado provincial da Inspeção Nacional das Atividades Económicas (INAE) em Maputo, encontra-se em fase de análise e prevê, além do aumento do preço, o aumento do volume da bebida para 750 mililitros.
O principal argumento por trás da medida é a proteção da juventude moçambicana, que tem sido apontada como o grupo mais vulnerável ao consumo nocivo de álcool. Diversos relatos e estudos indicam que jovens desempregados, mesmo com formação académica, recorrem ao álcool como forma de escape face à frustração e à incerteza sobre o futuro.
Nos últimos meses, autoridades de saúde têm registado casos alarmantes de acidentes vasculares cerebrais (AVC) e outros problemas graves associados ao consumo abusivo destas bebidas, geralmente produzidas de forma artesanal ou em pequenas fábricas locais.
Nota da INAE: "Não se trata apenas de aumentar preços por questões fiscais, mas sim de adotar uma medida preventiva para reduzir os riscos à saúde pública e mitigar os efeitos sociais do consumo abusivo de álcool", disse o delegado da instituição.
A possível implementação da medida tem gerado reações mistas entre os consumidores. Para alguns, o álcool é visto como um "refúgio" emocional ou forma de socialização, e o aumento poderá apenas agravar tensões sociais. Outros alertam para o risco de aumento da criminalidade, caso jovens, sem alternativas económicas, recorram a meios ilegais para manter os hábitos de consumo.
A discussão já levou a debates sobre o eventual encerramento de algumas fábricas de bebidas espirituosas, consideradas pontos críticos na cadeia de produção e distribuição. Especialistas em saúde pública, por sua vez, defendem que a medida só terá efeito se vier acompanhada de políticas de educação, prevenção e inclusão social.
O Governo ainda não definiu um prazo para a decisão final, mas fontes ligadas ao processo afirmam que a proposta poderá ser implementada já no segundo semestre de 2025, caso obtenha aprovação interministerial.
Enquanto isso, a sociedade civil e organizações juvenis pedem que a discussão sobre álcool vá além da penalização econômica, e inclua investimentos em emprego, cultura e saúde mental para a juventude.