
Ambulantes exigem explicações após ordem da edilidade para desocupar vias públicas; autoridades alegam pré-aviso de 30 dias
O ambiente tornou-se tenso, no Município de Xai-Xai, província de Gaza, quando mais de 500 vendedores informais se amotinaram defronte às instalações da edilidade em protesto contra a ordem de desocupação das vias públicas emitida pela administração municipal.
A medida, segundo as autoridades municipais, visa restabelecer a ordem e segurança urbanas, garantindo o livre trânsito de pessoas e viaturas, sobretudo no centro da cidade. A edilidade afirma ter concedido um prazo de 30 dias para que os vendedores se retirassem voluntariamente dos passeios e artérias principais, prazo esse que teria expirado esta semana.
Contudo, os vendedores afirmam não terem sido formalmente notificados e consideram a acção abrupta e injusta. “Estamos aqui porque não recebemos nenhuma comunicação directa. De repente, começaram a expulsar-nos com a polícia”, declarou um dos representantes dos ambulantes, visivelmente indignado com a medida.
Muitos dos manifestantes alegam não ter outro meio de sustento e dizem que a venda informal é a única fonte de rendimento das suas famílias. “Se nos tiram daqui, para onde vamos?”, questionava uma vendedora que participa do protesto há mais de cinco anos.
Município reafirma posição: “A cidade não pode continuar refém da desorganização”
Em contacto com a imprensa, um porta-voz da edilidade explicou que a decisão foi tomada no quadro do plano de reorganização do comércio informal e que há espaços apropriados nos mercados formais para acolher os vendedores.
“A cidade de Xai-Xai está a crescer e precisa de ordem. Já notificámos os vendedores informalmente e demos tempo suficiente. Infelizmente, muitos ignoraram o aviso. Agora, estamos apenas a aplicar o que foi decidido para o bem coletivo”, sublinhou.
Clima de tensão e forte presença policial
O protesto, embora pacífico na maior parte do tempo, contou com uma forte presença policial no local. Algumas vias de acesso à edilidade foram temporariamente bloqueadas e registaram-se momentos de empurra-empurra entre os manifestantes e os agentes de ordem.
Até ao fecho desta matéria, não havia registo de detenções, mas os ânimos continuam exaltados. A edilidade promete continuar com a retirada, enquanto os vendedores ameaçam intensificar os protestos caso não haja diálogo mais inclusivo.
Esta situação reacende o debate sobre urbanização versus economia informal nas cidades moçambicanas, onde a falta de emprego formal leva milhares a optarem pelo comércio de rua como única alternativa de sobrevivência.