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População abandona plantações nas margens do rio Messalo devido a movimentações suspeitas
Comunidades agrícolas das aldeias de Novo Cabo Delgado, Chitoio e Litandacua, no distrito de Macomia, estão a abandonar as suas terras após relatos de presença de homens armados suspeitos nas proximidades. A tensão aumentou desde o último domingo, quando moradores locais começaram a relatar atividades fora do comum nas zonas próximas ao rio Messalo.
As famílias, que dependem sobretudo do cultivo de tabaco e hortaliças, estão a deixar os campos por medo de possíveis ataques. Uma fonte ligada à Força Local confirmou que estão a decorrer investigações para verificar a natureza das movimentações, apontando para uma possível atuação de insurgentes.
Desde 2017, Cabo Delgado tem sido alvo de uma insurgência armada ligada a extremistas islâmicos, que já provocou mais de um milhão de deslocados internos. Em 2024, registaram-se pelo menos 349 mortes em ataques violentos, um crescimento alarmante de 36% face ao ano anterior, segundo dados do Centro de Estudos Estratégicos de África.
Os mais recentes confrontos incluem ataques a instalações militares em Macomia e Muidumbe, onde os insurgentes alegam ter eliminado mais de 20 soldados. Esses episódios coincidem com o anúncio da TotalEnergies sobre a reativação do megaprojeto de gás natural na região, avaliado em cerca de 20 mil milhões de dólares.
A insegurança tem-se alastrado para além de Cabo Delgado. Em abril, a província de Niassa também foi palco de incidentes violentos em áreas de conservação ambiental, e em maio, um navio de pesquisa de origem russa foi atacado na costa de Cabo Delgado, evidenciando o agravamento do cenário de instabilidade no norte do país.