No tempo de Samora Machel, o ingresso de jovens no Exército tinha como base o orgulho nacional e a defesa da Pátria. Hoje, a realidade é bem diferente, segundo o Tenente Coronel na Reserva, Abdul Machava.
Em reação ao recente apelo do Presidente Daniel Chapo, que defendeu que os filhos dos dirigentes deviam alinhar no Teatro Operacional Norte, Machava considera que os fundamentos ideológicos nacionalistas foram perdidos. Para ele, os filhos das elites já não se alistam por convicção, mas sim como forma de garantir emprego e sustento.
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“Agora, os filhos dos chefes vão ao Exército à busca de emprego para comer”, sublinhou o também analista político, acrescentando que a mensagem do Chefe de Estado não terá impacto real sem provas de que os filhos dos governantes estão de facto lado a lado com jovens de famílias comuns.
Machava recorda ainda que, ao longo dos anos, os descendentes de dirigentes beneficiaram de privilégios, bolsas de estudo militares e acesso a cargos de relevo. “Recebem tratamento VIP na corporação. Quem vai mexer neles?”, questionou, levantando dúvidas sobre a justiça e a igualdade dentro das Forças Armadas.
A análise reforça um debate antigo: até que ponto os filhos da elite política estão realmente dispostos a enfrentar os mesmos sacrifícios que o povo comum na luta contra o terrorismo no Norte do país?