Legalização da cannabis transforma vida de agricultores no norte do Marrocos
Nas escarpadas montanhas do Rife, no norte do Marrocos, agricultores como Abderrahman Talbi agora cultivam cannabis sob o sol escaldante com tranquilidade. “Agora posso dizer que sou um produtor de cannabis sem medo”, afirmou. “A paz de espírito não tem preço.”
Desde a legalização do cultivo para fins medicinais e industriais em 2022, o governo busca impulsionar a economia, estabilizar regiões historicamente problemáticas e combater o tráfico ilegal. O uso recreativo segue proibido.
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De acordo com a Agência Nacional de Regulação da Cannabis (ANRAC), o número de produtores licenciados saltou de 430 em 2023 para cerca de 5.000 em 2024. A produção legal atingiu 4.200 toneladas este ano — quatorze vezes mais que na primeira colheita.
No entanto, o mercado ilegal ainda domina. Enquanto 5.800 hectares estão em conformidade legal, mais de 27.000 continuam abastecendo redes informais na Europa e África. A diferença nos preços também é um incentivo: cooperativas pagam cerca de 50 dirhams por quilo de planta bruta, enquanto a resina no mercado negro pode chegar a 2.500 dirhams.
Mohamed El Mourabit, agricultor que tentou aderir à legalização, reclama das exigências burocráticas. Para cultivar legalmente, é necessário integrar-se a uma cooperativa, que processa a cannabis em óleos, cápsulas e pós com finalidades farmacêuticas.
Apesar das dificuldades, o Estado tem intensificado o combate ao tráfico ilegal. Até setembro de 2024, 249 toneladas de resina foram apreendidas — um aumento de 48% em relação a 2023. Ademais, mais de 4.800 pessoas receberam perdão por crimes ligados à cannabis, incluindo Mohammed Azzouzi, que agora aguarda sua primeira colheita legal.
Especialistas defendem que a inclusão do uso recreativo seria fundamental para enfraquecer o mercado paralelo. No entanto, Mohamed Guerrouj, chefe da ANRAC, afirma que a prioridade é consolidar a indústria farmacêutica: “O objetivo é desenvolver a indústria farmacêutica do Marrocos… não cafeterias”, afirmou.