Deslocados em Cabo Delgado enfrentam grave crise psicológica
As Nações Unidas alertam que 77% dos deslocados internos em Cabo Delgado vivem com sérios problemas psicológicos. A situação resulta de anos de violência armada e de desastres naturais, como o ciclone Chido.
O relatório foi divulgado pelo Escritório da ONU para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA). Segundo o documento, a maioria das pessoas deslocadas já passou por várias fugas, acumulando traumas e sofrimento mental.
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No entanto, apenas um quinto dos deslocados recebeu algum tipo de apoio psicológico. Essa lacuna acontece devido à falta de profissionais especializados, baixa cobertura dos serviços e ausência de espaços seguros.
Entre os mais afectados estão as crianças. O relatório estima que 60% dos deslocados tenham menos de 18 anos, sendo que algumas vivem separadas das suas famílias e totalmente desprotegidas.
Moçambique, além da violência, enfrenta ainda os impactos das alterações climáticas. Cheias, secas prolongadas e ciclones tropicais atingem frequentemente a região norte, agravando a vulnerabilidade da população.
A província de Cabo Delgado, embora rica em gás natural, continua marcada por ataques armados desde 2017. Estes episódios já causaram milhares de mortes e deslocaram mais de um milhão de pessoas.
Só em 2024, os ataques no norte do país mataram pelo menos 349 pessoas. Esse número representa um aumento de 36% em relação ao ano anterior, de acordo com o Centro de Estudos Estratégicos de África (ACSS).
A crise humanitária em Cabo Delgado exige resposta urgente. Sem reforço no apoio psicológico, os deslocados continuarão a viver não apenas sem casa, mas também sem esperança.