Greve de táxis em Luanda deixa cinco mortos e mais de mil detidos
Pelo menos cinco pessoas, incluindo um agente da polícia, morreram durante os distúrbios que eclodiram em Luanda, capital de Angola, após uma greve de táxis contra o aumento do preço dos combustíveis. Além disso, as autoridades anunciaram a detenção de mais de 1.200 indivíduos.
O movimento, que começou como um protesto de taxistas contra o aumento de 33% no preço do diesel, rapidamente se transformou numa das maiores manifestações dos últimos anos. Na segunda-feira, milhares de cidadãos ocuparam as ruas, bloquearam vias, saquearam estabelecimentos, atearam fogos e confrontaram as forças de segurança. Para agravar a situação, houve relatos de tiroteios em diversos bairros.
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Segundo a polícia, a violência também atingiu as províncias de Icolo e Bengo e Huambo. Contudo, as forças da ordem conseguiram conter os protestos nessas regiões. Apesar disso, pequenos focos de manifestações voltaram a ocorrer em Luanda na terça-feira.
População reage ao corte nos subsídios
A revolta popular foi desencadeada pela decisão do governo angolano de cortar subsídios aos combustíveis. Essa medida elevou o preço do diesel, provocando o aumento do custo de vida em um país onde o salário médio ronda os 70.000 kwanzas (cerca de US$ 75).
“Essa foi a gota d’água”, declarou a ativista Laura Macedo. “A fome é generalizada e os mais pobres estão a afundar na miséria.”
O presidente João Lourenço defendeu a política de cortes, afirmando à CNN Portugal que os preços dos combustíveis em Angola continuam entre os mais baixos do mundo. No entanto, as promessas de aumento salarial para compensar os efeitos ainda não foram cumpridas.
Clima de tensão e repressão
Durante os protestos, os manifestantes denunciaram os altos preços, os problemas económicos e os 50 anos de governação do MPLA. Enquanto isso, o governo acusou forças desconhecidas de instrumentalizarem a greve, mesmo após os sindicatos de táxis terem cancelado oficialmente o protesto.
A principal associação de taxistas, ANATA, condenou a violência. No entanto, reafirmou que a greve reflete o “clamor legítimo do povo”.
Segurança reforçada em Luanda
A polícia reforçou o patrulhamento em Luanda, com o objetivo de restaurar a ordem pública. Na quarta-feira, a maioria das empresas, lojas e bancos manteve-se fechada. Ainda assim, alguns serviços públicos retomaram as atividades normalmente.