
Governo pretende arrecadar 223 milhões de dólares até 2026, mas aguarda valorização do crude
A África do Sul traçou a meta de arrecadar 223,2 milhões de dólares com a venda de petróleo bruto das suas reservas estratégicas até Março de 2026. Contudo, o plano poderá não avançar nos moldes pretendidos, uma vez que o Governo condiciona as vendas a uma valorização do barril de crude nos mercados internacionais.
Desde 2022, o país tenta alienar parte do crude armazenado para compensar a suspensão temporária de uma taxa sobre combustíveis, medida que visava aliviar os consumidores diante da escalada nos preços da gasolina e do diesel. O plano previa a recuperação das receitas fiscais perdidas com recurso às reservas nacionais.
Naquele ano, o preço médio do barril de Brent foi de 99 dólares, criando condições favoráveis à estratégia. No entanto, nas últimas semanas, o preço caiu para 66 dólares, pressionado por temores de uma recessão global, resultado das tensões comerciais impulsionadas pelo Presidente norte-americano Donald Trump.
Estado alerta para risco de esvaziamento dos depósitos
“O preço do petróleo está demasiado baixo. Se vendermos agora, vamos esvaziar os depósitos”, alertou Godfrey Moagi, CEO da South African National Petroleum Company. Segundo o gestor, a prioridade é garantir níveis mínimos de reservas, o que só será viável se as vendas ocorrerem com o barril cotado num valor justo.
O Tesouro Nacional espera arrecadar os 223,2 milhões de dólares com novas vendas, mas Moagi adverte que esse valor só será alcançado se o mercado internacional recuperar. Caso contrário, o plano poderá ser revisto para evitar prejuízos estratégicos ao país.
Após a suspensão da taxa em 2022, o Governo sul-africano arrecadou cerca de 111 milhões de dólares no exercício de 2023-24, aproveitando um contexto de valorização do barril. As vendas envolveram 2 milhões de barris à empresa Sasol e 280 mil à TotalEnergies local, segundo dados da empresa estatal.
Reservas actuais rondam 7,7 milhões de barris
Actualmente, as reservas estratégicas da África do Sul estão estimadas em cerca de 7,7 milhões de barris. A gestão é da responsabilidade da Associação do Fundo Estratégico de Combustíveis, uma unidade autónoma subordinada à empresa estatal.
Moagi reforça que qualquer nova alienação dependerá do comportamento do mercado: “O nosso objectivo é vender quando o valor do barril for mais alto”. A postura do Governo reflecte uma tentativa de equilibrar necessidades orçamentais com segurança energética, num contexto internacional marcado pela volatilidade dos preços do crude.