
Imagem comovente de uma sala improvisada em Kinanga viraliza e levanta debate sobre o direito à educação
Uma imagem captada na aldeia de Kinanga, no município de Lukunga, província do Uíge, em Angola, está a gerar comoção e debate nas redes sociais africanas. A fotografia mostra uma turma numerosa de crianças sentadas no chão, com um quadro de ardósia rasgado e pendurado em paus de madeira, numa sala improvisada com cobertura de palha.
O cenário, apesar de ser captado em Angola, tem eco profundo em Moçambique, onde realidades semelhantes são registadas em zonas rurais, sobretudo nas províncias de Niassa, Cabo Delgado, Nampula, Tete e Sofala. A imagem foi partilhada com a legenda: “Angola não é muito diferente de Moçambique”, despertando reflexões sobre a falta de investimento estruturante na educação básica em África.
Ensino com dignidade ainda é uma promessa
Apesar de políticas públicas que reconhecem a educação como um direito fundamental, milhares de crianças continuam a aprender em condições de extrema precariedade: sem carteiras, sem materiais escolares, expostas ao sol e à chuva, e com professores que, muitas vezes, não recebem sequer o salário mínimo nacional.
No caso de Kinanga, os pequenos aprendizes foram fotografados com cadernos no colo, partilhando cadeiras de plástico, rodeados por paredes frágeis feitas de paus e palha. O quadro, meio rasgado e escurecido pela exposição ao tempo, resume a resiliência da comunidade e a ausência do Estado.
Vozes da sociedade exigem ação
A publicação da imagem gerou centenas de comentários exigindo uma resposta urgente das autoridades. Internautas moçambicanos relataram experiências semelhantes em regiões remotas, como em Mecula, Majune, Mossuril e Chinde, sublinhando que a desigualdade territorial continua a ser um dos principais obstáculos para a inclusão educativa.
Organizações da sociedade civil e professores apelam a um plano regional de emergência para infraestrutura escolar, que priorize zonas rurais negligenciadas há décadas. “Não se trata de caridade, mas de justiça social e dever de Estado”, disse um ativista educacional citado nas redes.
Um retrato comum em África
Embora a imagem tenha sido captada em Angola, ela expõe um padrão presente em vários países africanos, onde a educação rural ainda é sinónimo de exclusão. Especialistas defendem que a integração da tecnologia, a capacitação docente e investimentos estruturais são cruciais para garantir que nenhuma criança fique para trás.