
Sessão do Conselho Central termina em clima de tensão
A 11.ª sessão do Conselho Central do Partido Optimista para o Desenvolvimento de Moçambique (PODEMOS), realizada no último fim-de-semana na cidade da Matola, terminou sem a eleição do novo Secretário-Geral (SG), mergulhada em confusão, acusações de fraude e profunda desordem interna.
O encontro tinha como objectivo substituir Sebastião Mussanhane, recentemente designado para liderar a bancada do partido na Assembleia da República. No entanto, a tentativa de sucessão degenerou num ambiente tenso, expondo fissuras e divisões dentro da formação política.
Resultado contestado e ausência de maioria absoluta
Dos quatro candidatos ao cargo — Stélio Américo António, Alberto Ferreira, Germano Lino e Caetano Mendonça Mussacaze — foi Alberto Ferreira quem obteve mais votos, com 37%, seguido de Stélio António com 28%.
Apesar da vantagem, Ferreira não foi declarado vencedor, sob alegação de que nenhum candidato atingiu a maioria absoluta (50%). Essa condição foi exigida pelos concorrentes derrotados, mesmo sem estar claramente prevista nos estatutos do partido, o que deu origem a interpretações contraditórias e a uma escalada de tensão entre os delegados.
Protestos, abandono da sala e acusações graves
Diante da contestação feroz, Alberto Ferreira expressou frustração e indignação, abandonando a sala da reunião de forma abrupta, batendo com a porta e interrompendo temporariamente os trabalhos do Conselho. A atitude gerou um clima de instabilidade e choque entre os presentes.
Delegados de várias províncias acusaram a direcção do partido de falta de transparência, tentativa de fraude eleitoral e de promover um processo "viciado" e "injusto". Alguns chegaram a apontar a existência de alas internas e questionaram a postura de liderança do Presidente do partido, Albino Forquilha, perante o impasse.
Falta de consenso adia decisão
Sem consensos e num cenário de crise institucional, a sessão foi encerrada sem que se chegasse a uma decisão final. O Conselho Nacional do partido deverá reunir-se nos próximos 15 dias para tentar ultrapassar o impasse e definir, finalmente, o próximo Secretário-Geral da formação.
O episódio evidencia os desafios internos de governação democrática enfrentados por partidos emergentes, num contexto político moçambicano onde a confiança nos processos eleitorais internos torna-se cada vez mais crucial para a legitimidade das lideranças.