
Mocímboa da Praia, Cabo Delgado – Pelo menos 21 escolas encontram-se actualmente encerradas no distrito de Mocímboa da Praia, na sequência do recrudescimento das acções terroristas que vêm assolando a região norte de Moçambique nos últimos meses. A informação foi tornada pública esta terça-feira (20) pelo administrador distrital, Sérgio Cipriano, durante a nona sessão ordinária do Conselho Executivo Provincial, realizada na cidade de Pemba.
Educação Interrompida Pela Insegurança
De acordo com Cipriano, o encerramento dos estabelecimentos de ensino é um dos efeitos diretos da intensificação da presença de grupos insurgentes em zonas críticas do distrito. A crescente instabilidade obrigou também à deslocação forçada de populações em diversas comunidades.
“São situações preocupantes. Além da paralisação das aulas, muitas famílias estão a abandonar as suas aldeias em busca de refúgio seguro”, declarou o dirigente, citado pelo portal Zumbo FM Notícias.
Zonas Agrícolas Tornam-se Territórios de Risco
O administrador desaconselhou fortemente a retoma das actividades agrícolas em determinadas áreas, sobretudo nas zonas baixas do posto administrativo de Mbau e ao longo do rio Muela, que marca a fronteira natural entre os distritos de Mocímboa da Praia e Muidumbe.
“São áreas historicamente produtivas, mas que permanecem inseguras. Não devem ser ocupadas neste momento”, alertou, referindo-se também à zona de Muingwe, em Muidumbe, e áreas próximas ao rio Messalo, conhecidas pela sua fertilidade, mas agora inacessíveis devido à ameaça constante de ataques armados.
Esforços em Curso Para Restabelecer a Normalidade
Apesar do cenário de instabilidade, Sérgio Cipriano garantiu que as autoridades locais e provinciais estão a intensificar os esforços para reforçar a segurança e criar condições para o regresso gradual das comunidades deslocadas.
“Continuamos a trabalhar para garantir a paz e restabelecer a normalidade nas zonas afectadas. O nosso compromisso é devolver a confiança às populações”, afirmou.
O encerramento das escolas e a limitação da actividade agrícola agravam ainda mais a crise humanitária na província de Cabo Delgado, já fragilizada por anos de conflito armado, deslocações em massa e destruição de infra-estruturas sociais.