
Situação continua “desafiante” apesar de sinais de retirada dos grupos armados
Niassa, Moçambique – As autoridades nacionais anunciaram no domingo, 25 de Maio, que há “indicações claras” de que os insurgentes armados responsáveis pelos recentes ataques na Reserva Especial do Niassa (REN) estão em retirada da região.
Apesar da retirada dos grupos armados, o ambiente geral no norte do país permanece instável. “Continuamos ainda com um ambiente desafiante, mas temos indicações claras de que os insurgentes estão a deslocar-se para fora da reserva. Este cenário traz um sinal de esperança e abre espaço para pensarmos no futuro da área após este período de tensão”, declarou Pejulo Calenga, director-geral da Administração Nacional das Áreas de Conservação (ANAC), à agência Lusa.
Mortes, desaparecimentos e propaganda terrorista
Os ataques registados em Abril na REN, atribuídos a supostos insurgentes ligados ao Estado Islâmico, resultaram oficialmente em dois mortos e dois desaparecidos. No entanto, os canais de propaganda do grupo extremista reivindicaram três mortes, intensificando as preocupações sobre a presença do terrorismo internacional em solo moçambicano.
Segundo Calenga, houve também baixas entre os elementos das forças de fiscalização e das Forças de Defesa e Segurança (FDS), mas sem que fossem revelados números concretos.
Impacto grave na conservação ambiental e turismo
A Reserva Especial do Niassa, uma das maiores áreas de conservação do país, sofreu duramente com os ataques. “Esta situação impactou negativamente a imagem da Reserva e interrompeu a actividade turística, que é vital para a sustentabilidade da conservação”, frisou Calenga.
Com os confrontos armados, todas as actividades turísticas foram suspensas, afectando também as comunidades que dependem directamente dessa indústria para sua subsistência.
Monitoramento contínuo e estratégias de normalização
A ANAC afirmou que a situação está a ser monitorizada diariamente com o objectivo de restaurar a normalidade e permitir o relançamento das actividades económicas e ambientais na região. “Estamos a acompanhar de perto a situação e a criar condições para que, tão cedo quanto possível, as actividades sejam retomadas com segurança”, destacou o dirigente.
Presidente Chapo confirma retirada dos terroristas
Durante o encerramento de um curso de operações especiais na província de Nampula, o Presidente da República, Daniel Chapo, afirmou que os terroristas foram combatidos e desapareceram da REN graças à acção das FDS. “Os nossos irmãos estão no terreno a expulsar os terroristas naquela região (…) as nossas forças continuam em perseguição”, disse.
Expansão da ameaça: ataques sucessivos em Abril
O episódio mais recente ocorreu no dia 29 de Abril, quando homens armados invadiram o acampamento de caça desportiva de Mariri. A área afecta cobre oito distritos e estende-se até à província de Cabo Delgado, epicentro da insurgência armada em Moçambique desde 2017.
Cinco dias antes, em 24 de Abril, já havia sido registado um outro ataque dentro dos limites da REN, o que gerou alertas sobre a possível expansão da actividade terrorista para áreas anteriormente consideradas seguras.
Com a retirada dos insurgentes e reforço das operações de segurança, a expectativa agora recai sobre o retorno da estabilidade e a reativação da economia local, ainda sob ameaça.