Mais de 3,4 milhões de crianças precisam de ajuda humanitária urgente em Moçambique – alerta Unicef

O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) estima que mais de 3,4 milhões de crianças moçambicanas precisam de apoio humanitário urgente e apelou para o reforço da resposta humanitária às necessidades crescentes no país.

Impacto da violência e das condições climáticas nas crianças moçambicanas

Moçambique enfrenta múltiplos desafios que agravam a sua crise humanitária. Os conflitos armados em Cabo Delgado e fenómenos climáticos extremos deixaram o país vulnerável, resultando em surtos de doenças infecciosas, além da destruição de escolas e unidades de saúde.

Segundo dados da Unicef, cerca de 18 milhões de crianças correm risco de contrair doenças infecciosas e necessitam de vacinação. Mais de 1,1 milhão de crianças com menos de cinco anos sofre de subnutrição, enquanto 68% da população não tem acesso a saneamento básico e 30% não tem água potável.

Apesar do cenário crítico, a Unicef afirma que “as crianças continuam a sorrir”, realçando a sua resiliência perante a adversidade.

Corte de financiamento internacional agrava crise humanitária

A Unicef alertou para uma “emergência infantil” provocada pela redução do apoio internacional, estimando-se uma queda de 20% no financiamento ao país até 2026.

No final de janeiro, o então Presidente dos EUA, Donald Trump, ordenou o congelamento da ajuda externa norte-americana, afetando diretamente os programas humanitários implementados pela USAID em Moçambique, sobretudo nas áreas de saúde e HIV/SIDA.

O corte do financiamento representa um duro golpe para as organizações que dependem desses fundos para assistência em saúde, nutrição e educação.

Apelo internacional para garantir o futuro das crianças

A Unicef Portugal lançou um apelo urgente à comunidade internacional e aos doadores para apoiarem as operações de emergência em Moçambique.

A crise humanitária no país é o resultado de uma combinação devastadora de violência armada, pobreza estrutural, desastres naturais e emergências de saúde pública, afectando gravemente a infância. Estima-se que 4,8 milhões de pessoas estejam em situação de vulnerabilidade extrema e dependam de ajuda humanitária imediata.