
Investimento de 20 mil milhões de dólares reforça aposta indiana em Moçambique
A ONGC Videsh, braço internacional da petrolífera estatal indiana ONGC, anunciou que prevê iniciar a produção de Gás Natural Liquefeito (GNL) no megaprojecto da Área 1, na Bacia do Rovuma, até finais de 2027 ou início de 2028. O investimento total estimado ronda os 20 mil milhões de dólares americanos, equivalentes a 1,28 biliões de meticais.
Segundo uma publicação do Financial Express de quinta-feira, 22 de Maio, a informação foi avançada por Rajarshi Gupta, director executivo da ONGC Videsh, durante uma conferência com analistas. Gupta afirmou que “os trabalhos já começaram” e que a empresa está “confiante quanto ao início das operações dentro do prazo”.
Pontos-Chave do Projecto
- Investimento global: 20 mil milhões de USD (1,28 biliões de MZN).
- Participação da ONGC Videsh: 10% no consórcio da Área 1.
- Nova injeção de capital: 180 milhões de USD via BREML.
- Capacidade prevista: 12,88 milhões de toneladas de GNL por ano.
- Emprego local: Milhares de postos de trabalho directos e indirectos esperados.
Retirada de ‘força maior’ abre caminho para relançamento
O projecto esteve suspenso desde Abril de 2021, quando foi declarado o estado de força maior devido a ataques armados perpetrados por grupos insurgentes em Cabo Delgado. No entanto, com a estabilização gradual da província e o reforço das operações de segurança por parte das Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM) e contingentes internacionais, a retoma está cada vez mais próxima.
Analistas consideram a retirada oficial da cláusula de força maior como iminente, o que permitirá a retoma integral das actividades de construção e implementação da infra-estrutura de produção de GNL.
Linha Temporal do Projecto da Área 1
- 2010: Descoberta de grandes reservas de gás na Bacia do Rovuma.
- 2012: Assinatura de contratos de exploração e partilha de produção.
- 2018: Decisão Final de Investimento (FID) para a Área 1 aprovada.
- 2020: Início das obras de construção da unidade de liquefação de gás.
- 2021 (Abril): Suspensão do projecto devido a ataques armados – declaração de força maior.
- 2024: Melhoria da situação de segurança em Cabo Delgado – retoma progressiva.
- 2025: ONGC anuncia retoma e previsão de arranque operacional até 2028.
Participação e reforço de capital
A ONGC Videsh detém 10% de participação no consórcio responsável pelo desenvolvimento da Área 1, onde estão envolvidas outras grandes multinacionais energéticas. Em paralelo, a empresa indiana aprovou recentemente um investimento adicional de 180 milhões de dólares (cerca de 11,5 mil milhões de meticais) na Beas Rovuma Energy Mozambique Limited (BREML), subsidiária em que controla 60% do capital, em parceria com a OIL India Limited, que detém os restantes 40%.
Distribuição de Participações na Área 1
Transformação económica e impacto estratégico
O projecto da Área 1 é amplamente considerado como um dos maiores investimentos estrangeiros em curso em Moçambique, com potencial para posicionar o país entre os principais exportadores mundiais de GNL. A perspectiva de retoma total das actividades e futura produção é vista como um impulso estratégico para a economia nacional, particularmente na captação de receitas, criação de empregos e desenvolvimento de infraestruturas locais.
Espera-se que a estabilidade crescente em Cabo Delgado venha consolidar este e outros investimentos em curso na região, fortalecendo a imagem de Moçambique como destino de investimento energético a longo prazo.