
Bazaruto, Moçambique – O Parque Nacional do Arquipélago de Bazaruto registou perdas financeiras superiores a 12 milhões de meticais nos últimos meses, na sequência das tensões pós-eleitorais que abalaram o país. As incertezas e episódios de insegurança resultaram numa quebra acentuada no fluxo turístico, pondo em causa um dos pilares do financiamento da conservação marinha.
Conservação em Risco
O parque, considerado um dos maiores santuários de biodiversidade marinha em Moçambique, depende fortemente das receitas geradas pelo ecoturismo para manter suas operações de proteção ambiental, monitoria de espécies e envolvimento comunitário. A diminuição abrupta de visitantes afetou diretamente o orçamento destinado à preservação dos ecossistemas marinhos sensíveis, incluindo recifes de coral, tartarugas, golfinhos e dugongos.
Comunidades Locais Sentem o Impacto
Para além do impacto ambiental, as comunidades locais que habitam nas ilhas do arquipélago e arredores sofreram igualmente com a redução da atividade turística. Muitos dependem do turismo para gerar renda através de pequenas hospedagens, venda de artesanato, pesca sustentável e guias turísticos.
“Desde que começaram os problemas, não vimos mais barcos de turistas. Está difícil alimentar as famílias”, relata um morador da ilha de Benguerra.
Apelo por Estabilidade
As autoridades e organizações de conservação apelam ao restabelecimento da confiança e estabilidade política como condição essencial para reanimar o turismo ecológico e garantir a sustentabilidade das áreas de conservação. O receio é de que a continuação deste cenário possa reverter os ganhos obtidos em mais de duas décadas de proteção ambiental na região.