
Confronto durante celebrações oficiais do 18 de Maio deixa pelo menos 24 feridos, incluindo mulheres, jovens e uma bebé
Um grave incidente marcou as celebrações do 18 de Maio na vila de Gorongosa, província de Sofala, quando a Polícia da República de Moçambique (PRM), através da Unidade de Intervenção Rápida (UIR), disparou armas de fogo e lançou gás lacrimogéneo contra uma comitiva do Movimento Democrático de Moçambique (MDM) que realizava uma passeata pacífica rumo à tribuna oficial do evento.
A marcha teve início na sede distrital do MDM e pretendia juntar-se às celebrações públicas que assinalavam a elevação da vila à categoria de autarquia. No entanto, a comitiva foi interrompida pelas forças da UIR nas imediações do mercado municipal, desencadeando um confronto violento e inesperado.
Santos Chico, chefe da mobilização da liga juvenil do MDM, relatou que a polícia impediu a passagem do grupo sem qualquer justificação clara, usando força desproporcional contra membros do partido, entre os quais mulheres e crianças.
Feridos: Pelo menos 24 pessoas ficaram feridas durante a intervenção, incluindo três em estado grave. Uma bebé de apenas um ano perdeu os sentidos após inalar gás lacrimogéneo no colo da mãe, membro da liga feminina.
Entre os feridos encontram-se dirigentes da liga juvenil e da liga feminina do MDM, oriundos de diferentes distritos da província. As vítimas foram assistidas em unidades sanitárias locais, enquanto outros membros do partido pediram assistência legal e médica urgente.
Até o momento, não houve pronunciamento oficial da PRM ou das autoridades distritais sobre os motivos que levaram à repressão da passeata. O MDM, por sua vez, classifica a ação como um ataque à liberdade política e à convivência democrática.
A vila de Gorongosa celebra o 18 de Maio como marco da sua elevação administrativa, uma data que deveria unir todos os munícipes, independentemente da sua filiação partidária. No entanto, este episódio levanta sérias preocupações sobre o respeito aos direitos civis e políticos no contexto moçambicano atual.
Organizações da sociedade civil e defensores dos direitos humanos já começaram a mobilizar-se para exigir investigações independentes e responsabilização institucional pelas ações ocorridas.