Operadora alerta para impacto negativo no manuseamento de cargas e nos serviços marítimos
A operadora do terminal do Porto da Beira, na província de Sofala, lançou um alerta sobre os riscos que a crise de combustíveis representa para o funcionamento da infraestrutura, considerada uma das mais estratégicas do país. A escassez do produto, agravada pela dificuldade de acesso a divisas, ameaça comprometer tanto os serviços marítimos como o manuseamento de cargas.
“A questão do combustível é uma situação que, de certa medida, nos preocupa. Se não for resolvida, pode criar alguns constrangimentos para o corredor da Beira”, afirmou Miguel de Gengam, director das operações da empresa gestora do terminal.
Crescimento em 2024 e metas ambiciosas para 2025 sob ameaça
Apesar das boas perspectivas para 2025, com uma previsão de 400 mil contentores e cinco milhões de toneladas de carga geral manuseadas, os desafios operacionais poderão travar o crescimento. “O problema está também a condicionar o funcionamento de serviços marítimos e o plano de chegada de navios cargueiros”, reforçou Gengam.
Nos primeiros sete meses de 2024, o Porto da Beira registou um aumento de 24% no terminal de carga geral e 40% no terminal de contentores, manuseando 226 mil unidades. O Zimbabué manteve-se como o maior utilizador do porto, com exportações de crómio, lítio, petalite e tabaco.
Governo garante disponibilidade de combustível nos portos
Face às preocupações crescentes, o Governo moçambicano assegurou, em Abril, que o País dispõe de combustível nos principais portos. O vice-ministro dos Recursos Minerais e Energia, Inocêncio Impissa, clarificou que os desafios decorrem de problemas logísticos na distribuição interna e não da escassez do produto.
“Há combustível nos portos. O que estamos a enfrentar são desafios na sua circulação até aos centros de consumo”, afirmou Impissa, sublinhando que o Executivo está a trabalhar com os operadores do sector para normalizar o abastecimento.
Memorando com a Vitol visa estabilizar o mercado
Num esforço para conter a crise cambial e garantir o fornecimento energético, o Governo assinou recentemente um memorando de entendimento com a Vitol, assegurando o abastecimento de combustíveis durante os próximos 12 meses. O acordo inclui uma linha de crédito de 600 milhões de dólares e permite o diferimento de pagamento por até 150 dias.
Ao todo, o contrato prevê o fornecimento de 2,3 milhões de toneladas métricas, incluindo 580 mil de gasolina, 172 mil de gasóleo, 100 mil de Jet A1 e até 18 mil toneladas adicionais de gasóleo por ano. Apesar das críticas quanto à falta de transparência, o Executivo defende que esta é a melhor resposta possível para estabilizar o mercado interno.
Porto da Beira reforça papel estratégico na região
Considerado um dos portos mais modernos do continente, o Porto da Beira beneficia de uma localização estratégica no Centro do País e de uma robusta infra-estrutura de transporte, com ligações ferroviárias e rodoviárias que servem Zimbabué, Maláui, Zâmbia, Botsuana e a República Democrática do Congo.
Em 2023, foi inaugurado um novo estaleiro frigorífico para carga refrigerada, com foco na exportação de frutas cítricas e frutos do mar, produtos de elevado valor estratégico. O mesmo ano marcou também o anúncio de um investimento de 290 milhões de dólares para duplicar a capacidade do terminal de contentores, de 300 mil para 700 mil unidades anuais.
Canal de Notícias
