
Mulheres e crianças entre os deportados; documentos foram queimados
A cidade de Goma, situada na província de Kivu do Norte, na República Democrática do Congo (RDC), foi recentemente palco de uma operação liderada pelo grupo rebelde M23 que resultou na expulsão em massa de cidadãos de origem ruandesa, sob a acusação de imigração ilegal.
Testemunhas locais relataram que a acção não poupou mulheres nem crianças, muitas das quais seriam familiares dos homens expulsos. As pessoas foram transportadas em camiões militares para fora da cidade, num processo considerado humilhante e traumático por organizações de direitos humanos.
Queima de documentos e acusações de falsificação
De acordo com relatos do portal Africannews, o M23 incinerou os documentos de identidade apresentados pelos deportados, alegando que estes teriam sido falsificados pelas autoridades congolesas para legitimar a presença de ruandeses em Goma.
Grande parte das famílias afectadas tem origem na região de Karenga, zona anteriormente controlada pelas Forças Democráticas para a Libertação de Ruanda (FDLR), um grupo rebelde ruandês opositor do regime de Kigali.
Tensão crescente entre Kigali e M23
As relações entre o governo do Ruanda e o grupo M23 têm-se deteriorado de forma significativa. Ambos os lados acusam o governo da RDC de apoiar as FDLR, cujos membros são responsabilizados por várias atrocidades cometidas na região dos Grandes Lagos ao longo das últimas décadas.
O episódio em Goma representa uma escalada preocupante na crise humanitária e de segurança que afecta o leste da RDC, com potencial de repercussões regionais para os países vizinhos, incluindo Uganda, Burundi e o próprio Ruanda.
Até ao momento, as autoridades congolesas não emitiram uma posição oficial sobre os acontecimentos, mas a comunidade internacional já começa a manifestar preocupações sobre o destino das famílias deportadas e o risco de limpeza étnica disfarçada de controlo migratório.