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Ex-guerrilheiros denunciam manobra e repressão violenta após ocupação da sede do partido
A sede central da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), incluindo o gabinete do presidente Ossufo Momade, foi recentemente ocupada por antigos guerrilheiros que exigem a destituição da actual liderança. Em resposta, a Unidade de Intervenção Rápida (UIR) foi mobilizada, numa acção alegadamente autorizada por dirigentes do próprio partido.
Conforme relatos dos cerca de 59 combatentes detidos e levados à 18.ª Esquadra da Cidade de Maputo, os agentes da UIR apresentaram-se inicialmente com uma proposta pacífica. Afirmaram que Ossufo Momade os esperava no Comando Geral da PRM para dialogar. Um autocarro aguardava para transportá-los, mas o grupo recusou, insistindo que qualquer entendimento deveria ocorrer na sede da RENAMO.
A partir desse ponto, os acontecimentos tomaram outro rumo. A UIR, segundo os ex-combatentes, comunicou que a liderança rejeitara dialogar na sede, alegando questões de segurança. Sem mais explicações, os agentes teriam iniciado disparos com munições reais e uso de gás lacrimogéneo contra os presentes.
Apesar da promessa de comparecimento no Tribunal Judicial da Cidade de Maputo, os ex-guerrilheiros afirmam que o processo não consta oficialmente no sistema e foram dispensados sem qualquer audiência formal.
Enquanto isso, a direcção formal da RENAMO, associada ao uso de fato e gravata, alcança um feito inédito: ter instalações protegidas pela Polícia da República de Moçambique, algo nunca visto desde os Acordos Gerais de Paz de 1992. Infelizmente, esse marco ocorre num momento de divisão profunda e confronto interno.