
Festividades marcadas por repressão levantam questionamentos sobre a gestão da ordem pública e direitos civis
O Dia do Município da Manhiça, celebrado em ambiente de festa popular, foi abruptamente interrompido após agentes da Unidade de Intervenção Rápida (UIR) recorrerem ao uso de gás lacrimogéneo para dispersar uma multidão que se divertia nas ruas da vila municipal.
A imagem do momento em que a nuvem de gás se espalha entre centenas de jovens e famílias chocou internautas e ativistas, ao evidenciar o que muitos classificam como excesso de força policial em um evento comemorativo que não apresentava, segundo testemunhas, qualquer ameaça real à ordem pública.
Comunidade apanhada de surpresa
Testemunhas relatam que a multidão participava de uma atividade cultural espontânea, com música e dança, quando as autoridades intervieram. “Estávamos só a festejar o nosso município. A polícia chegou e lançou gás como se fosse guerra”, afirmou um jovem presente no local.
Vários presentes fugiram em pânico, incluindo crianças e idosos, gerando situações de sofrimento respiratório e ferimentos ligeiros. Ainda não há confirmação oficial de detenções ou número total de feridos.
Direitos vs. Segurança: Onde traçar o limite?
A atuação da UIR reacende o debate sobre os limites do uso da força em contextos civis. Organizações de defesa dos direitos humanos questionam se a resposta foi proporcional ao cenário. “Festas comunitárias não são ameaça, são expressão cultural. Usar gás lacrimogéneo em ambiente festivo é inaceitável”, afirmou um representante de uma ONG local.
A Polícia da República de Moçambique (PRM) ainda não se pronunciou oficialmente sobre o incidente. Analistas defendem que casos como este revelam a necessidade urgente de reeducação tática dos agentes destacados para eventos públicos.
Manhiça em luto cívico?
O incidente ocorre num momento em que o município celebrava mais um ano de existência, simbolizando o progresso e a unidade da comunidade local. Para muitos, no entanto, o lançamento de gás pela polícia transformou a data festiva em um dia de trauma colectivo.
O Radar Info Mz continuará a acompanhar o caso, em busca de esclarecimentos por parte das autoridades municipais e da PRM, enquanto cidadãos exigem respeito ao seu direito à livre reunião e manifestação cultural.