
Mvn
A seca severa, os conflitos e as crises sanitárias colocam 4,8 milhões de moçambicanos em situação crítica — e os recursos disponíveis não cobrem sequer um quinto do necessário.
O cenário humanitário em Moçambique enfrenta um agravamento alarmante devido à escassez de financiamento internacional. Segundo o UNICEF, aproximadamente 4,8 milhões de cidadãos, incluindo 3,4 milhões de crianças, necessitam de apoio urgente devido a uma combinação de crises que envolvem desastres climáticos, violência armada e colapsos no sistema de saúde.
A seca extrema provocada pelo fenómeno climático El Niño elevou ainda mais a pressão sobre comunidades vulneráveis. A ONU calcula que são necessários 222 milhões de dólares para atender as populações afetadas, mas até ao momento, apenas 19% desse montante foi mobilizado.
De acordo com o Escritório da ONU para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA), o plano de resposta humanitária para Moçambique previa 413 milhões de dólares em 2024, mas menos de 45 milhões foram efetivamente disponibilizados até abril — representando apenas 11% da meta.
As províncias de Niassa, Nampula e Cabo Delgado estão entre as mais severamente atingidas. Mais de 1,5 milhão de pessoas enfrentam níveis críticos de insegurança alimentar. Em Cabo Delgado, estima-se que 1,3 milhão de deslocados internos, juntamente com comunidades que os acolhem, carecem de apoio essencial. Mulheres e crianças representam cerca de 80% deste grupo.
Em resposta parcial à crise, o governo da Coreia do Sul doou recentemente 881 mil euros para projetos de emergência em Cabo Delgado, com o objetivo de ajudar vítimas de desastres naturais e violência armada. No entanto, esses apoios continuam insuficientes frente à escala das necessidades.
A frágil resposta humanitária é uma consequência direta da falta de financiamento, o que limita drasticamente as operações no terreno. Organizações humanitárias alertam que, sem um reforço urgente dos apoios, a situação poderá deteriorar-se ainda mais nos próximos meses.