
Imagem: Nando Mabica
Moçambique é o país com maior dívida acumulada no setor das companhias aéreas, segundo dados da Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA). Entre outubro de 2024 e abril de 2025, o país reteve cerca de 205 milhões de dólares que deveriam ser pagos a companhias internacionais por bilhetes vendidos localmente.
Esta situação coloca Moçambique no topo de uma lista de dez países responsáveis por 80% das dívidas globais no setor aéreo. Embora tenha havido uma redução global de 25% nos valores bloqueados desde outubro, o cenário moçambicano piorou, indicando falhas graves na gestão e na implementação de políticas eficazes.
A justificativa oficial aponta para a escassez de moeda estrangeira, sobretudo dólares, mas a Associação das Agências de Viagens e Operadores Turísticos de Moçambique (AVITUM) alerta que o problema é mais profundo e está sendo tratado com descaso pelo governo.
O impacto já é sentido no mercado: empresas do setor estão perdendo credibilidade e investidores abandonam o país. A Ethiopian Airlines, por exemplo, suspendeu suas vendas em Moçambique, evidenciando a gravidade da crise.
Com o turismo e o comércio fortemente afetados, a falta de uma resposta governamental contundente levanta dúvidas sobre a capacidade do Executivo em gerir a crise e proteger setores estratégicos como a aviação.
O setor aéreo, essencial para a economia nacional e para as relações internacionais, está à beira do colapso devido a uma política cambial descoordenada e à ausência de uma governação eficaz.
(Nando Mabica)