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Governo moçambicano nunca prestou contas sobre pagamentos ao Ruanda, revela reportagem
À medida que Moçambique assinala 50 anos de independência, um novo debate ressurge sobre a presença das tropas ruandesas em Cabo Delgado e o manto de silêncio que cobre os acordos estabelecidos. Segundo uma análise divulgada em formato de vídeo, o Governo moçambicano nunca esclareceu à população os verdadeiros termos da colaboração militar com o Ruanda, que, embora apresentada como apoio “fraterno”, teria custos mensais estimados em 2 milhões de dólares.
Na época, a decisão de trazer tropas estrangeiras foi justificada como um gesto de solidariedade entre “nações irmãs” frente à insurgência que devastava o norte do país. No entanto, a alegada ausência de encargos financeiros nunca convenceu uma população cansada de promessas e versões convenientes.
Agora, revelações da Carta Norte sugerem que Moçambique interrompeu os pagamentos, o que provocou tensões com o governo ruandês, cujo envolvimento no conflito passou a ser visto também como um negócio. O silêncio oficial, porém, persiste. Nem mesmo o novo executivo rompeu com o padrão de omissão herdado do governo anterior.
Uma das principais questões levantadas pela reportagem é: por que motivo os recursos aplicados no apoio externo não foram direcionados para o fortalecimento das próprias Forças Armadas? O silêncio também recai sobre a exoneração de oficiais militares competentes, sugerindo interferências de interesses obscuros.
Mais grave ainda é a falta de questionamento dentro do próprio partido no poder, onde reina a obediência e o medo de romper o consenso. Essa omissão coletiva, segundo a reportagem, transforma a mentira em pacto — um pacto que mina as instituições e sufoca qualquer esperança de mudança genuína.
Ao celebrar meio século de independência, Moçambique enfrenta um paradoxo: continua a caminhar sob o peso de meias-verdades e omissões, que mantêm o povo prisioneiro da desinformação, enquanto o poder se sustenta num frágil alicerce de silêncio e impunidade.