População sente-se excluída
No dia 25, moradores da península de Afungi voltaram a denunciar a existência de recintos murados, fortemente vigiados pelas Forças de Defesa e Segurança (FDS). Esses complexos acolhem trabalhadores das multinacionais do gás, mas permanecem inacessíveis às comunidades locais.
Os populares descrevem a chamada “cercaria” como um “país dentro do país”. Dentro dos muros há luz, água, segurança e conforto. Do lado de fora, persistem a fome, o medo e a falta de oportunidades.
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Promessas não cumpridas
As multinacionais prometeram responsabilidade social corporativa, com escolas, hospitais e empregos. No entanto, moradores de Quitunda e arredores afirmam que pouco mudou. A perceção é de que os benefícios ficaram confinados aos recintos fortificados, deixando as comunidades à margem.
Segurança seletiva
Para a população, a segurança em Cabo Delgado protege capitais estrangeiros e não vidas locais. Enquanto as FDS reforçam a vigilância dos complexos empresariais, aldeias continuam vulneráveis a ataques e deslocamentos forçados.
Um futuro incerto
As denúncias reacendem o debate sobre a verdadeira função da presença internacional na região. Os muros erguem uma divisão clara: de um lado, a riqueza do gás; do outro, a pobreza e o abandono. A pergunta que ecoa em Afungi é direta: a quem serve afinal a segurança em Cabo Delgado?