
Imagem: Zumbo FM Notícias
Comunidades acusam responsáveis de manipular listas de beneficiários e ignorar denúncias
Residentes do distrito de Muidumbe, na província de Cabo Delgado, levantaram sérias preocupações sobre a forma como os apoios humanitários estão a ser distribuídos na região. As denúncias, feitas à rádio local Zumbo FM, apontam para um processo marcado por irregularidades, registos pouco fiáveis e suspeitas de favorecimento.
Segundo Amilton Adamo, um dos entrevistados, o número de pessoas que realmente recebe a assistência tem diminuído, mesmo quando há distribuição de produtos. “Antes o apoio era mais abrangente, mas agora parece que só poucos conseguem beneficiar, e isso tem gerado frustração”, contou.
Adamo acrescentou que há casos em que os nomes aparecem como beneficiários, mesmo sem os produtos terem sido entregues. “É comum vermos nossos nomes nas listas como se tivéssemos recebido, quando na verdade nada chegou até nós”, lamentou.
Outro morador, que optou por não se identificar, afirmou que as reclamações feitas pelas vítimas do sistema são frequentemente ignoradas. “Reclamamos, mas ninguém dá seguimento. Quem organiza a distribuição faz como quer”, disse.
Rachid Armindo, também residente local, criticou a falta de transparência e organização nos registos feitos antes da distribuição. “Fazem o registo nas casas, mas quando o produto chega, muitos que estavam nas listas não recebem nada. Isso repete-se sempre”, explicou.
Ele denunciou ainda supostos casos de discriminação política, afirmando que indivíduos ligados à oposição são frequentemente riscado das listas no momento da entrega. “Há situações em que só por ser de um partido diferente, te excluem sem justificação”, disse.
Em resposta, o administrador do distrito, João Casimiro, disse não ter conhecimento prévio das denúncias apresentadas pelos moradores. “Nunca recebemos informações de que há pessoas listadas que não chegam a receber apoio”, afirmou à rádio.
Casimiro apelou às vítimas a apresentarem as queixas diretamente nos seus serviços para que se possa investigar cada caso. “Estamos disponíveis para ouvir e averiguar sempre que for necessário”, garantiu.
O administrador assegura que há instituições oficiais e parceiros que monitoram o processo de entrega. “Temos representantes do INGD e agências que atuam junto das comunidades. Até hoje, não recebemos queixas formais sobre esses problemas”, concluiu.